domingo, 13 de julho de 2014

CHORAM CARTAS NOS MEUS OLHOS

"Dizes-me de longe, do lugar onde me encontras,
que todas as sombras sou eu.
Não te dás com a net:
cara, perfile, mural – são pouco para tanto de ti.
Escreves-me cartas. Cartas validadas com selo maior:
adivinho o teu rosto no canto superior.
Abro o que dobraste e cheiro-te em alfazema e rosmaninho.
Leio o que me dizes em letras sem cor:
“Preciso de ti; és a água e a terra e o fogo que me dão alimento;
é o teu ar que me faz respirar.”
“ Acode-me amor, em abraços de pele e em suor que criamos.”
“ Acode-me amor.”
“Durmo acompanhada da memória de ti.”
“Beijo-te na fragância dos teus beijos, nos beijos com que sonhei.”
“ Beija-me amor. Deixa-me toda – nua - na tua boca.”
“Amo-te muito, muitinho.”
“Preciso de ti. Dá-me um abraço – promete!”
Sabes que choras nos meus olhos, naqueles que choram por ti.
Nos olhos com que te vejo quando recebo cartas de ti.
Queremos um abraço.
Prometo!"

Fernando Morgado



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