sexta-feira, 1 de agosto de 2014

PABLO NERUDA

"Amo-te como a planta que não floriu e tem
dentro de si, escondida, a luz das flores,
e, graças ao teu amor, vive obscuro em meu corpo
o denso aroma que subiu da terra.

Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde,

amo-te diretamente sem problemas nem orgulho:
amo-te assim porque não sei amar de outra maneira,

a não ser deste modo em que nem eu sou nem tu és,
tão perto que a tua mão no meu peito é minha,
tão perto que os teus olhos se fecham com meu sono
."

Pablo Neruda

(painting by Irina Vitalievna Karkabi)



quarta-feira, 30 de julho de 2014

HOJE É DIA DE COISAS SIMPLES

"hoje é dia de coisas simples 
(Ai de mim! Que desgraça! 
O creme da terra não voltará a aparecer!) 
coisas simples como ir contigo ao restaurante 
ler o horóscopo e os pequenos escândalos
folhear revistas pornográficas e
demorarmo-nos dentro da banheira

na aldeia pouco há a fazer
falaremos do tempo com os olhos presos dentro das chávenas
inventaremos palavras cruzadas na areia... jogos
e murmúrios de dedos por baixo da mesa
beberemos café
sorriremos às pessoas e às coisas
caminharemos lado a lado os ombros tocando-se
(se estivesses aqui!)
em silêncio olharíamos a foz do rio
e o brincar agitado do sol nas mãos das crianças descalças
hoje
"

Al Berto

domingo, 13 de julho de 2014

CHORAM CARTAS NOS MEUS OLHOS

"Dizes-me de longe, do lugar onde me encontras,
que todas as sombras sou eu.
Não te dás com a net:
cara, perfile, mural – são pouco para tanto de ti.
Escreves-me cartas. Cartas validadas com selo maior:
adivinho o teu rosto no canto superior.
Abro o que dobraste e cheiro-te em alfazema e rosmaninho.
Leio o que me dizes em letras sem cor:
“Preciso de ti; és a água e a terra e o fogo que me dão alimento;
é o teu ar que me faz respirar.”
“ Acode-me amor, em abraços de pele e em suor que criamos.”
“ Acode-me amor.”
“Durmo acompanhada da memória de ti.”
“Beijo-te na fragância dos teus beijos, nos beijos com que sonhei.”
“ Beija-me amor. Deixa-me toda – nua - na tua boca.”
“Amo-te muito, muitinho.”
“Preciso de ti. Dá-me um abraço – promete!”
Sabes que choras nos meus olhos, naqueles que choram por ti.
Nos olhos com que te vejo quando recebo cartas de ti.
Queremos um abraço.
Prometo!"

Fernando Morgado



INTERSTÍCIO DE UM SEGUNDO PORVIR

Ontem recebi-te nas minhas mãos
E os meus olhos perderam-se na exuberância da tua paixão
Quis tocar-te, e cada palavra tremeu a minha razão
E a distância doeu, no emaranhado, na recordação
Ontem lembrei-te, envolto no hiato
Arrasta-se o desejo vivido
Agora perdido nesse interstício
Em que te não vejo, em que te sinto
Nessas parcas palavras em papel desbotado
Espera-me o tempo, no hoje, no amanhã
Em que peço ao momento um segundo do porvir
E de olhos cercados resguardo da chuva
A incerteza de te voltar a tocar, usar... de te Amar...

(meu)


quinta-feira, 10 de julho de 2014

EÇA DE QUEIROZ

"O BEM E O MAL"
- do País da Luz - 


“ O diamante, se tivesse vida e pudesse, 
fugiria ao sacrifício da lapidação. 
Nisso estaria o seu bem, pelo seu sossego. 

Entretanto, continuaria a ser pouco mais 
do que um seixo vulgar de ribeira areenta; 
enquanto que, depois da lapidação dolorosa, 
passa a ser um pedaço de luz materializada, 
como que um fragmento de estrela, 
de preço inestimável. 

Qual era o bem ? Qual era o mal ? 
Ora, aqui fica uma incógnita 
de que eu gostaria de conhecer a definição, 
dada pelos sábios da Terra, 
onde também tive pretensões 
de saber alguma coisa !... ” 


Eça de Queiroz


sábado, 21 de junho de 2014

COM FÚRIA E RAIVA - SOPHIA DE MELLO BREYNER

"Com fúria e raiva acuso o demagogo
E o seu capitalismo das palavras

Pois é preciso saber que a palavra é sagrada
Que de longe muito longe um povo trouxe
E nela pôs sua alma confiada

De longe muito longe desde o início
O homem soube de si pela palavra
E nomeou a pedra a flor a água
E tudo emergiu porque ele disse

Com fúria e raiva acuso o demagogo
Que se promove à sombra da palavra
E da palavra faz poder e jogo
E transforma as palavras em moeda
Como se fez com o trigo e com a terra"

Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"



TERROR DE TE AMAR - SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN


"Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo

Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.

Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.

Para ti eu criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas."

Sophia de Mello Breyner Andresen, in "Obra Poética"





ESTA GENTE - SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

"Esta gente cujo o rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco

Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis

Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre

Pois a gente que tem 
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem 
Um país ocupado
Escreve o seu nome

E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada

Meu canto se renova 
E recomeço a busca
De um país liberto
De uma vida limpa
E de um tempo justo"

Sophia de Mello Breyner Andresen, in "Geografia"



Sophia de Mello Breyner Andresen

sábado, 14 de junho de 2014

A MÚSICA...

Consegues fazer amor com a música?
Eu consigo! Eu consigo… ah, eu consigo…
Deixá-la entrar… atingir-me as meninges…
Roçar-me os pensamentos como uma seda fresca e arrepiante
Vende-me a alma, ao diabo e entra… perde-me!
Em pecado… em ausência…
Desce possuiu-me o rosto… abrasa-o… exalta-me os olhos,
Os lábios, os ouvidos… incentiva-me o paladar…
Desce… prende-me os braços, percorrer-os… fá-los sonhar!
Desentorpece-me  as mãos…
Desvia-se… em direcção ao meu peito… arfo… cresce-me o peito
De êxtase. E contenho a respiração, nesse silêncio de mil sons
Desvia-se… Martela no meu centro de gravidade…
E toda eu sou astros e luz…
E desce e desvia-se… as minhas pernas não são mais…
São tenras, desejosas… mexem, suaves, tendenciais… são música…
Pés… vão… vêm… ficam… avançam… abraçam…
E numa explosão, o corpo perde-se…
O corpo vive!
O cérebro estoura!
Sou som, sou cor, sou braços, sou pernas…
Sou ouvidos, sou boca, sou arrepios, sou prazer…
Sou mãos, sou pés, sou amor, sou mulher…
Sou olhos, sou ventre, sou êxtase, sou ardor…

E sou música, sou… ah! Eu consigo…

(meu)




segunda-feira, 9 de junho de 2014

FERNANDO PESSOA - MENSAGEM

I. O Infante

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E Viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!




II. Horizonte

Ó mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
'Splendia sobre as naus da inicição.

Linha severa da longínqua costa
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha.

O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e com sensíveis
Movimentos de esp'rança e de vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte
Os beijos merecidos da Verdade.




III. Padrão

O esforço é grande e o homem é pequeno
Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
Este padrão ao pé do arreal moreno
E para diante naveguei.

A alma é divina e a obra é imperfeita.
Este padrão sinala ao vento e aos céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
O por-fazer é só com Deus.

E ao imenso e possível oceano
Ensinam estas Quinas, que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano:
O mar sem fim é português.

E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar.


IV. Mostrengo

O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse, "Quem é que ousou entrar
Meus tectos negros do fim do mundo?"
E o homem do leme disse, tremendo:
"El-Rei D. João Segundo!"

"De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?"
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso.
"Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?"
E o homem do leme tremeu, e disse:
"El -Rei D. João Segundo!"

Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
"Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!"




V. Epitáfio de Bartolomeu Dias

Jaz aqui, na pequena praia extrema, 
O Capitão do Fim. Dobrado e Assombro, 
O mar é o mesmo: já ninguém o tema!
Atlas, mostra alto o mundo no seu ombro.


VI. Os Colombos

Outros haverão de ter
O que houvermos de perder.
Outros poderão achar
O que, no nosso encontrar,
Foi achado, ou não achado,
Segundo o destino dado.

Mas o que a eles não toca
É a Magia que evoca
O Longe e faz dele história.
E por isso a sua glória
É justa auréola dada
Por uma luz emprestada.


VII. Ocidente

Com duas mãos - o Acto e o Destino -
Desvendámos. No mesmo gesto, ao céu
Uma ergue o fecho trémulo e divino
E a outra afasta o véu.

Fosse a hora que haver ou a que havia
A mão que ao Ocidente o véu rasgou,
Foi a alma a Ciência e corpo a Ousadia
Da mão que desvendou.

Fosse Acaso, ou Vontade, ou Temporal
A mão que ergueu o facho que luziu,
Foi Deus a alma e o corpo Portugal
Da mão que o conduziu.



VIII. Fernão de Magalhães

No vale clareia uma fogueira.
Uma dança sacode a terra inteira.
E sombras disformes e descompostas
Em clarões negros do vale vão
Subitamente pelas encostas,
Indo perder-ser na escuridão.

De quem é a dança que a noite aterra?
São os Titãs, os filhos da Terra,
Que dançam da morte do marinheiro
Que quis cingir o materno vulto
Cingi-los, dos homens, o primeiro
Na praia ao longe por fim sepulto.

Dançam, nem sabem que a alma ousada
Do morto ainda comanda a armada,
Pulso sem corpo ao leme a guiar
As naus no resto do fim do espaço:
Que até ausente soube cercar
A terra inteira com seu abraço.

Violou a Terra. Mas eles não
O sabem, e dançam na solidão;
E sombras disformes e descompostas,
Indo perder-ser nos horizontes, 
Galgam do vale pelas encostas
Dos mudos montes.



IX. Ascensão de Vasco da Gama

Os Deuses da tormenta e os gigantes da terra
Suspendem de repente o ódio da sua guerra
E pasmam. Pelo vale onde se ascende aos céus
Surge um silêncio, e vai, da névoa ondeando os véus,
Primeiro um movimento e depois um assombro.
Ladeiam-se, ao durar, os medos, ombro a ombro,
E ao longe o rastro ruge em nuvens e clarões.

Em baixo, onde a terra é, o pastor gela, e a flauta
Cai-lhe, e em êxtase vê, à luz de mil trovões,
O céu abrir o abismo à alma do Argonauta.



X. Mar

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.



XI. A Última Nau

Levando a bordo El-Rei D. Sebastião,
E erguendo, como um nome, alto o pendão
Do Império,
Foi-se a última nau, ao sol aziago
Erma, e entre choros de ânsia e de pressago
Mistério.

Não voltou mais. A que ilha indescoberta
Aportou? Voltará da sorte incerta
Que teve?
Deus guarda o corpo e a forma do futuro,
Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro
E breve.

Ah, quanto mais o povo a alma falta,
Mais a minha alma atlântica se exalta
E entorna,
E em mim, num mar que não tem tempo ou 'spaço,
Vejo entre a cerração teu vulto baço
Que torna.

Não sei a hora, mas sei que há a hora,
Demora-a Deus, chame-lhe a alma embora
Mistério.
Surges ao sol em mim, e a névoa finda:
A mesma, e trazes o pendão ainda
Do Império.



XII. Prece

Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.

Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto em cinzas a ocultou:
A mão do vento pode erguê-la ainda.

Dá o sopro, a aragem - ou desgraça ou ânsia
Com que a chama do esforço se remoça,
E utra vez conquistaremos a Distância
Do mar ou outra, mas que seja nossa!


Texto Integral da obra "Mensagem" de Fernando Pessoa - Mar Português -Segunda de Três Partes da Obra.

NUM PESTANEJAR...

Tinha no sonho o sonho de te ver!
Queria, no sonho, desembrulhar-te
Queria cheirar-te, queria tocar-te, e segurar-te…
Sentir-te dentro, crescer e explorar…
Sentir-me… que te dá vida, que te quer!
Crescer contigo. Crescer e saber…
Saber-te bem, cada ruga que se desenruga,
Estica… e pequenos elementos
Que se produzem e reproduzem e formam
E dão corpo ao desejo de te ver!

Tenho na vida a vida que é amar-te!
Nesse tempo qu’é só meu, qu’é só nosso.
Nesse breve instante, quase passado…
Alegra-m’a dor que te traz
Sauda-m’o sopro qu’é o teu som
Ateia-m’o teu mexer e remexer
Nesse amanhecer que é futuro
Em que te vejo, em que te choro, em que te beijo
Dormente, despertando para o calor…
De mim, eternidade… p’ra t’amar e proteger!

(meu)



sábado, 7 de junho de 2014

INFLAMAÇÃO

Sinto… num instante poetizado Esse desejo, sem pudor, Com que me penetras a alma Desprendida, no acordar… Ainda perdida no despertar, mercê das tuas mãos. Sinto… um ardor afagador Que me abrasa , lento, explorador, Que me entesa cada nervo, Desdobra cada prega, e dolente na avidez Me traça o entendimento, cruzando o sonho, Exorcizando a moral, conjurando o apelo Ao teu toque, do teu corpo, dos teus segredos Ímpetos guiados e sussurrados… Ah! Perdida… Quero-te!
Tacto… luxúria e sons… sinto! Inflamados todos os sentidos… Enreda-me o cheiro da tua pele… Enrija-me o sal do teu suor… “Olha-me!”, chega-me o som… oiço! E olho… sofreguidão na asserção!

(meu)


quarta-feira, 28 de maio de 2014

ON THE PULSE OF MORNING, BY MAYA ANGELOU

REST IN PEACE (St. Louis, Missouri, 4th April 1928 - Winston - Salem, North Carolina, 28th May 2014) - One great, great Lady!

ON THE PULSE OF MORNING

"A Rock, A River, A Tree
Hosts to species long since departed,
Mark the mastodon.
The dinosaur, who left dry tokens
Of their sojourn here
On our planet floor,
Any broad alarm of their of their hastening doom
Is lost in the gloom of dust and ages.
But today, the Rock cries out to us, clearly, forcefully,
Come, you may stand upon my
Back and face your distant destiny,
But seek no haven in my shadow.
I will give you no hiding place down here.
You, created only a little lower than
The angels, have crouched too long in
The bruising darkness,
Have lain too long
Face down in ignorance.
Your mouths spelling words
Armed for slaughter.
The rock cries out today, you may stand on me,
But do not hide your face.
Across the wall of the world,
A river sings a beautiful song,
Come rest here by my side.
Each of you a bordered country,
Delicate and strangely made proud,
Yet thrusting perpetually under siege.
Your armed struggles for profit
Have left collars of waste upon
My shore, currents of debris upon my breast.
Yet, today I call you to my riverside,
If you will study war no more.
Come, clad in peace and I will sing the songs
The Creator gave to me when I
And the tree and stone were one.
Before cynicism was a bloody sear across your brow
And when you yet knew you still knew nothing.
The river sings and sings on.
There is a true yearning to respond to
The singing river and the wise rock.
So say the Asian, the Hispanic, the Jew,
The African and Native American, the Sioux,
The Catholic, the Muslim, the French, the Greek,
The Irish, the Rabbi, the Priest, the Sheikh,
The Gay, the Straight, the Preacher,
The privileged, the homeless, the teacher.
They hear. They all hear
The speaking of the tree.
Today, the first and last of every tree
Speaks to humankind. Come to me, here beside the river.
Plant yourself beside me, here beside the river.
Each of you, descendant of some passed on
Traveller, has been paid for.
You, who gave me my first name,
You Pawnee, Apache and Seneca,
You Cherokee Nation, who rested with me,
Then forced on bloody feet,
Left me to the employment of other seekers--
Desperate for gain, starving for gold.
You, the Turk, the Swede, the German, the Scot...
You the Ashanti, the Yoruba, the Kru,
Bought, sold, stolen, arriving on a nightmare
Praying for a dream.
Here, root yourselves beside me.
I am the tree planted by the river,
Which will not be moved.
I, the rock, I the river, I the tree
I am yours--your passages have been paid.
Lift up your faces, you have a piercing need
For this bright morning dawning for you.
History, despite its wrenching pain,
Cannot be unlived, and if faced with courage,
Need not be lived again.
Lift up your eyes upon
The day breaking for you.
Give birth again
To the dream.
Women, children, men,
Take it into the palms of your hands.
Mold it into the shape of your most
Private need. Sculpt it into
The image of your most public self.
Lift up your hearts.
Each new hour holds new chances
For new beginnings.
Do not be wedded forever
To fear, yoked eternally
To brutishness.
The horizon leans forward,
Offering you space to place new steps of change.
Here, on the pulse of this fine day
You may have the courage
To look up and out upon me,
The rock, the river, the tree, your country.
No less to Midas than the mendicant.
No less to you now than the mastodon then.
Here on the pulse of this new day
You may have the grace to look up and out
And into your sister's eyes,
Into your brother's face, your country
And say simply
Very simply
With hope
Good morning."

by Maya Angelou





domingo, 25 de maio de 2014

SHE WALKS IN BEAUTY

"She walks in beauty, like the night
Of cloudless climes and starry skies;
And all that's best of dark and bright
Meet in her aspect and her eyes:
Thus mellowed to that tender light
Which heaven to gaudy day denies.

One shade the more, one ray the less,
Had half impaired the nameless grace
Which waves in every raven tress,
Or softly lightens o'er her face;
Where thoughts serenely sweet express
How pure, how dear their dwelling place.

And on that cheek, and o'er that brow,
So soft, so calm, yet eloquent,
The smiles that win, the tints that glow,
But tell of days in goodness spent,
A mind at peace with all below,
A heart whose love is innocent!"

Lord Byron





(Pintura - "Nude In Ocean", by Monika Dickson)



sábado, 24 de maio de 2014

THE HIGHWAYMAN



PART ONE

I


"THE wind was a torrent of darkness among the gusty trees,
The moon was a ghostly galleon tossed upon cloudy seas,
The road was a ribbon of moonlight over the purple moor,
And the highwayman came riding—
Riding—riding—
The highwayman came riding, up to the old inn-door."

II

"He'd a French cocked-hat on his forehead, a bunch of lace at his chin,
A coat of the claret velvet, and breeches of brown doe-skin;
They fitted with never a wrinkle: his boots were up to the thigh!
And he rode with a jewelled twinkle,
His pistol butts a-twinkle,
His rapier hilt a-twinkle, under the jewelled sky."

III

"Over the cobbles he clattered and clashed in the dark inn-yard,
And he tapped with his whip on the shutters, but all was locked and barred;
He whistled a tune to the window, and who should be waiting there
But the landlord's black-eyed daughter,
Bess, the landlord's daughter,
Plaiting a dark red love-knot into her long black hair."

IV

"And dark in the dark old inn-yard a stable-wicket creaked
Where Tim the ostler listened; his face was white and peaked;
His eyes were hollows of madness, his hair like mouldy hay,
But he loved the landlord's daughter,
The landlord's red-lipped daughter,
Dumb as a dog he listened, and he heard the robber say"

V

"'One kiss, my bonny sweetheart, I'm after a prize to-night,
But I shall be back with the yellow gold before the morning light;
Yet, if they press me sharply, and harry me through the day,
Then look for me by moonlight,
Watch for me by moonlight,
I'll come to thee by moonlight, though hell should bar the way.'"

VI

"He rose upright in the stirrups; he scarce could reach her hand,
But she loosened her hair i' the casement! His face burnt like a brand
As the black cascade of perfume came tumbling over his breast;
And he kissed its waves in the moonlight,
(Oh, sweet, black waves in the moonlight!)
Then he tugged at his rein in the moonliglt, and galloped away to the West."

PART TWO

I


"He did not come in the dawning; he did not come at noon;
And out o' the tawny sunset, before the rise o' the moon,
When the road was a gypsy's ribbon, looping the purple moor,
A red-coat troop came marching—
Marching—marching—
King George's men came matching, up to the old inn-door."

II

"They said no word to the landlord, they drank his ale instead,
But they gagged his daughter and bound her to the foot of her narrow bed;
Two of them knelt at her casement, with muskets at their side!
There was death at every window;
And hell at one dark window;
For Bess could see, through her casement, the road that he would ride."

III

"They had tied her up to attention, with many a sniggering jest;
They had bound a musket beside her, with the barrel beneath her breast!
'Now, keep good watch!' and they kissed her.
She heard the dead man say—
Look for me by moonlight;
Watch for me by moonlight;
I'll come to thee by moonlight, though hell should bar the way!"

IV

"She twisted her hands behind her; but all the knots held good!
She writhed her hands till her fingers were wet with sweat or blood!
They stretched and strained in the darkness, and the hours crawled by like years,
Till, now, on the stroke of midnight,
Cold, on the stroke of midnight,
The tip of one finger touched it! The trigger at least was hers!"

V

"The tip of one finger touched it; she strove no more for the rest!
Up, she stood up to attention, with the barrel beneath her breast,
She would not risk their hearing; she would not strive again;
For the road lay bare in the moonlight;
Blank and bare in the moonlight;
And the blood of her veins in the moonlight throbbed to her love's refrain."

VI

"Tlot-tlot; tlot-tlot! Had they heard it? The horse-hoofs ringing clear;
Tlot-tlot, tlot-tlot, in the distance? Were they deaf that they did not hear?
Down the ribbon of moonlight, over the brow of the hill,
The highwayman came riding,
Riding, riding!
The red-coats looked to their priming! She stood up, straight and still!"

VII

"Tlot-tlot, in the frosty silence! Tlot-tlot, in the echoing night!
Nearer he came and nearer! Her face was like a light!
Her eyes grew wide for a moment; she drew one last deep breath,
Then her finger moved in the moonlight,
Her musket shattered the moonlight,
Shattered her breast in the moonlight and warned him—with her death."

VIII

"He turned; he spurred to the West; he did not know who stood
Bowed, with her head o'er the musket, drenched with her own red blood!
Not till the dawn he heard it, his face grew grey to hear
How Bess, the landlord's daughter,
The landlord's black-eyed daughter,
Had watched for her love in the moonlight, and died in the darkness there."

IX

"Back, he spurred like a madman, shrieking a curse to the sky,
With the white road smoking behind him and his rapier brandished high!
Blood-red were his spurs i' the golden noon; wine-red was his velvet coat,
When they shot him down on the highway,
Down like a dog on the highway,
And he lay in his blood on the highway, with the bunch of lace at his throat."

X

"And still of a winter's night, they say, when the wind is in the trees,
When the moon is a ghostly galleon tossed upon cloudy seas,
When the road is a ribbon of moonlight over the purple moor,
A highwayman comes riding—
Riding—riding—
A highwayman comes riding, up to the old inn-door."

XI

"Over the cobbles he clatters and clangs in the dark inn-yard;
He taps with his whip on the shutters, but all is locked and barred;
He whistles a tune to the window, and who should be waiting there
But the landlord's black-eyed daughter,
Bess, the landlord's daughter,
Plaiting a dark red love-knot into her long black hair."

Alfred Noyes